sexta-feira, 22 de maio de 2009

Cartas 10# - Carta ao Sofrimento

"Pensei porque razão vives em mim e não encontrei resposta. Por vezes não tens motivo para existir mas sei que estás lá, pronto a mostrar-me que és parte vital. Queria esquecer-te sabes? Pintar-te de outra cor, fazer-te crescer moldando assim essa tua personalidade dolorosa. Não sei como aguentas viver nesse mundo onde o escuro é rei e senhor e não há mais que silêncio.
Também sei que te procuro. Encontro em ti fonte de inspiração e alimento-me dessas tuas mágoas e angústias para tornar simples pensamentos em poemas ou reflexões. Conheces-me melhor a mim que o reflexo do espelho. Nele vejo o meu rosto, as minhas mãos e o resto do corpo, mas não consigo vislumbrar-te nesses momentos. Talvez por que a verdadeira tristeza não se vê mas sente-se. E como se sente...
Sou dura contigo. Admito isso mas não posso negar o facto de que me magoas com tal violência que chega a ser constrangedor pensar em tal infortúnio. Dizem que os grandes poetas, os grandes escritores ou Homens com H grande, são almas torturadas. Preferia ser a mais comum dos mortais, desde que nunca soubesse o teu significado. Que importa o que pensam de mim quando na verdade sou eu que tenho de me importar comigo mesma? Aprendi isso contigo sabes? A dar verdadeira importância àquilo que faz de mim o que sou e a deixar de lado algumas barreiras ardilosas de ultrapassar. Quero pensar que fazes parte do meu universo mas não do meu Mundo. Se assim permaneceres, talvez um dia possa gostar de ti".

2 comentários:

  1. Bonito. Estas últimas frases soaram estranhamente poéticas.

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  2. Um belo texto, embora um pouco triste a procura por vezes é dolorosa, mas não tem que o ser.

    Parabens

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