segunda-feira, 25 de maio de 2009

Cartas 11#

" Hoje tive um sonho. Foi estranho, misterioso, de início não decifrei a mensagem. Diante de mim estendia-se um caminho, um extenso percurso ao qual não via saída. Quis sair desse labirinto, até tentei acordar-me mas não conseguia deixar aquele sonho. Gritava, as minhas mãos agarravam algo com demasiada força mas não via o que era, o meu corpo queria desesperadamente sentir-se livre mas nada o impedia de o ser.
Nesse momento descobri uma coisa. Descobri que sempre pensei demais nas coisas. Nunca tomei uma decisão irreflectida, nunca pensei em simplesmente fazer e não pensar nas consequências. Estava agora tão presa, tão sufocada, que conseguia ver isso. Quase como a luz ao fundo do túnel, a razão por que estava enclausurada nas minhas próprias correntes.
Tinha de ser mais forte, forte o suficiente para entender como estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe dos meus objectivos. Era quase uma promessa. Eu tinha, pelo menos desta vez, de não pensar naquilo que podia ter feito mas sim naquilo que ainda posso fazer...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Cartas 10# - Carta ao Sofrimento

"Pensei porque razão vives em mim e não encontrei resposta. Por vezes não tens motivo para existir mas sei que estás lá, pronto a mostrar-me que és parte vital. Queria esquecer-te sabes? Pintar-te de outra cor, fazer-te crescer moldando assim essa tua personalidade dolorosa. Não sei como aguentas viver nesse mundo onde o escuro é rei e senhor e não há mais que silêncio.
Também sei que te procuro. Encontro em ti fonte de inspiração e alimento-me dessas tuas mágoas e angústias para tornar simples pensamentos em poemas ou reflexões. Conheces-me melhor a mim que o reflexo do espelho. Nele vejo o meu rosto, as minhas mãos e o resto do corpo, mas não consigo vislumbrar-te nesses momentos. Talvez por que a verdadeira tristeza não se vê mas sente-se. E como se sente...
Sou dura contigo. Admito isso mas não posso negar o facto de que me magoas com tal violência que chega a ser constrangedor pensar em tal infortúnio. Dizem que os grandes poetas, os grandes escritores ou Homens com H grande, são almas torturadas. Preferia ser a mais comum dos mortais, desde que nunca soubesse o teu significado. Que importa o que pensam de mim quando na verdade sou eu que tenho de me importar comigo mesma? Aprendi isso contigo sabes? A dar verdadeira importância àquilo que faz de mim o que sou e a deixar de lado algumas barreiras ardilosas de ultrapassar. Quero pensar que fazes parte do meu universo mas não do meu Mundo. Se assim permaneceres, talvez um dia possa gostar de ti".

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Cartas 9#

Tenho andado baralhada. Ou melhor, tenho andado pensativa demais. Ultimamente vem-me à memória algumas coisas que preferia já ter esquecido e chegam a surpreender-me pois ainda me afectam bastante. Sinto-me como presa num ciclo vicioso do qual a memória progride mas o tempo parou. Mesmo quando penso no bom que é poder respirar um novo ar, de ter novos sentimentos por alguém e de adquirir novas experiências, parece que o passado ainda está agarrado com unhas e dentes e não tem vontade nenhuma de sair. A pergunta que se coloca é: será que sou eu que não o quero apagar?