quarta-feira, 4 de março de 2009

Cartas 5# - Estátua Interior

«A minha estátua interior será talvez das mais belas mas também das mais complicadas de entender. O "eu" que transpareço, diverge da figura por detrás de pele e osso. Afinal o meu "eu" interior, aquele que é consciente através da cabeça e impulsivo quando se remete ao coração, procura simplicidade.
Simplicidade quando na infância ver os desenhos animados era uma aventura, quando ver o sol e passear no parque, ou o simples facto de estar rodeada daqueles que me davam protecção e amor era o sentimento mais puro do Mundo.
Mas o "eu" interior tem sempre as suas fragilidades. Por vezes a segurança, o apoio, a amizade e compreensão desapareciam e um abismo negro abatia-se debaixo dos pés.
O meu "eu" interior também procura solidão. Não de maneira definitiva, a família e os amigos são algo indispensável mas por vezes uma introspecção a mim própria, sem opiniões ou sugestões é o correcto a fazer.
Depois da infância chega a adolescência, a fase onde as dúvidas começam a surgir. Essa simplicidade, a pureza dos actos já aponta em outras direcções. A ambição de ser melhor, partindo do princípio que todos temos capacidades diferentes, surge. E o meu "eu" interior depara-se com um beco sem saída. A simplicidade é um caminho para a ambição? Posso ser simples mas querer passar por cima dos outros? Ou será que durante a infância não tive a noção que o mundo era feito de coisas más?
Neste momento posso dizer que o meu "eu" está completamente confuso. Talvez na infância fosse o coração a reger todos os meus sentimentos e emoções. Nunca me vi perfeita. Tinha plena consciência que o reflexo do espelho denotava os meus defeitos. Afinal o que é a aparência? Não será mais importante olhar o meu reflexo e sentir-me realizada comigo mesmo? Poder dizer aquilo que quero, o que ambicionei, sem ter sido influenciada por terceiros?
Outro aspecto importante do meu "eu" interior. Este sonha com realização individual. Fazer por mim própria. A simplicidade leva à ambição e logo depois à realização. Ou então a ambição leva à realização que consequentemente opta pela simplicidade, ao entendimento das minhas acções. Quanto ao futuro não sei mas espero manter os meus ideiais».

1 comentário:

  1. Como é bela mas complicada a tua estátua interior... por vezes temos de observar os promenores de cada escultura para admirarmos a sua complexidade. :)

    Tiago

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