sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cartas 14#

"Estou farta! A sério, cheguei ao meu limite. Não adianta, já tentei, e nada! Gostava de saber que mal é que eu te fiz para não falares honestamente comigo! Quer dizer, eu aturei todas as vezes em que me olhaste de lado, em que falaste comigo só porque a situação assim o permitia, em que fingiste para te desculpar. Sinceramente qual é a tua? Estou farta de responder com um sorriso quando merecias desprezo. As tuas acções são sempre tão indecifráveis e questionáveis que não sei o que posso fazer. Como és muito importante para mim e conheço-te à mais de... espera aí! Eu não te conheço realmente. Esse olhar frio...
Quando decidires ser alguém, pode ser que eu já tenha desaparecido para bem longe. Mas só da tua vida...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cartas 13# - Parabéns

" Confesso que estava bastante infeliz. Sabes quando alguém é condenado à pena de morte e sabe que dela não pode fugir? Era assim que eu me sentia. Para aumentar a minha desgraça, ainda me enganei na sala de aula e fui parar à apresentação do curso de Economia. Lembro-me de pensar que estava uma desgraça. Tudo me parecia novo, não conhecia nada nem ninguém, muito menos porque razão me sentia desanimada.
Como estava sozinha, resolvi perguntar a uma rapariga se era da mesma turma que eu. E curiosamente era! Chamava-se Mónica e logo de início senti que nos íamos dar bem.
Fui conhecendo algumas pessoas. E fui deitando um olhar curioso a outras...
Já não me lembro quando começámos a falar, só sei que me pareceste bastante simpática. Tinhas o que me faltava: aquela alegria impulsiva e divertida, que contagiava tudo e todos. Começámos a falar. Disparates, disparates, e mais disparates. Estava a recuperar milagrosamente. Já sorria, e brincava, e dizia frases idiotas e escrevia-as na última folha do caderno para depois mostrar-te e rirmos sem parar. Tornaste-te uma das minhas melhores amigas, uma pessoa extraordinária, que curiosamente mais parece minha gémea visto gostarmos quase das mesmas coisas.
Ontem fizeste anos. E como não posso ir à tua festa, nem posso estar com a Dádá, Sásá, Nina nem ir ao cinema com todos, deixo aqui a minha primeira prenda ( pois tenho mais uma) e agradecer-te por seres uma das melhores pessoas que já conheci."

Parabéns, Jéssica!

P.S: Eu e a frigideira... não me esqueci da nossa pequena conversa. Hehehehehehe

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Cartas 12# - Despedidas

" E eu que nem gosto de despedidas, fui obrigada a fazê-las. Não fui forte, as lágrimas ameaçaram cair a qualquer momento e o coração quase que saltava do peito. Havia muita coisa que eu queria dizer: queria desejar boa sorte, queria agradecer o que aprendi e o que relembrei, queria poder dizer o quanto alguns meses fizeram a diferença mas caí no silêncio. As pessoas que partiram tinham sonhos, falaram dos seus seus objectivos e eu sorri ao constatar que estavam longe de os tornar reais mas alimentei com eles o sonho.
No início não me adaptei ao modelo. Confesso que a mudança foi brusca e atabalhoada mas uma autêntica lição de vida. E no fim, quando alguns sorrisos estavam escondidos por detrás da tristeza de saber que a despedida ia durar mais que a mudança, uma dessas pessoas virou-se para mim e disse:
« Conseguiste mesmo sair fora da casca».
E eu sorri, sabendo que lá no fundo, a despedida estava presente ."

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Cartas 11#

" Hoje tive um sonho. Foi estranho, misterioso, de início não decifrei a mensagem. Diante de mim estendia-se um caminho, um extenso percurso ao qual não via saída. Quis sair desse labirinto, até tentei acordar-me mas não conseguia deixar aquele sonho. Gritava, as minhas mãos agarravam algo com demasiada força mas não via o que era, o meu corpo queria desesperadamente sentir-se livre mas nada o impedia de o ser.
Nesse momento descobri uma coisa. Descobri que sempre pensei demais nas coisas. Nunca tomei uma decisão irreflectida, nunca pensei em simplesmente fazer e não pensar nas consequências. Estava agora tão presa, tão sufocada, que conseguia ver isso. Quase como a luz ao fundo do túnel, a razão por que estava enclausurada nas minhas próprias correntes.
Tinha de ser mais forte, forte o suficiente para entender como estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe dos meus objectivos. Era quase uma promessa. Eu tinha, pelo menos desta vez, de não pensar naquilo que podia ter feito mas sim naquilo que ainda posso fazer...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Cartas 10# - Carta ao Sofrimento

"Pensei porque razão vives em mim e não encontrei resposta. Por vezes não tens motivo para existir mas sei que estás lá, pronto a mostrar-me que és parte vital. Queria esquecer-te sabes? Pintar-te de outra cor, fazer-te crescer moldando assim essa tua personalidade dolorosa. Não sei como aguentas viver nesse mundo onde o escuro é rei e senhor e não há mais que silêncio.
Também sei que te procuro. Encontro em ti fonte de inspiração e alimento-me dessas tuas mágoas e angústias para tornar simples pensamentos em poemas ou reflexões. Conheces-me melhor a mim que o reflexo do espelho. Nele vejo o meu rosto, as minhas mãos e o resto do corpo, mas não consigo vislumbrar-te nesses momentos. Talvez por que a verdadeira tristeza não se vê mas sente-se. E como se sente...
Sou dura contigo. Admito isso mas não posso negar o facto de que me magoas com tal violência que chega a ser constrangedor pensar em tal infortúnio. Dizem que os grandes poetas, os grandes escritores ou Homens com H grande, são almas torturadas. Preferia ser a mais comum dos mortais, desde que nunca soubesse o teu significado. Que importa o que pensam de mim quando na verdade sou eu que tenho de me importar comigo mesma? Aprendi isso contigo sabes? A dar verdadeira importância àquilo que faz de mim o que sou e a deixar de lado algumas barreiras ardilosas de ultrapassar. Quero pensar que fazes parte do meu universo mas não do meu Mundo. Se assim permaneceres, talvez um dia possa gostar de ti".

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Cartas 9#

Tenho andado baralhada. Ou melhor, tenho andado pensativa demais. Ultimamente vem-me à memória algumas coisas que preferia já ter esquecido e chegam a surpreender-me pois ainda me afectam bastante. Sinto-me como presa num ciclo vicioso do qual a memória progride mas o tempo parou. Mesmo quando penso no bom que é poder respirar um novo ar, de ter novos sentimentos por alguém e de adquirir novas experiências, parece que o passado ainda está agarrado com unhas e dentes e não tem vontade nenhuma de sair. A pergunta que se coloca é: será que sou eu que não o quero apagar?

sexta-feira, 27 de março de 2009

Cartas 8# - Fighter

" After all you put me through
You'd think I despise you
But in the end, I wanna thank you
'Cause you make me that much stronger

When I, thought I knew you
Thinking that you were true
I guess I, I couldn't trust
Called your bluff, time is up
'Cause I've had enough
You were, there by my side
Always down for the ride
But your, joy ride just came down in flames
'Cause your greed sold me out of shame

After all of the stealing and cheating
You probably think that I hold resentment for you
But, oh no, you're wrong
'Cause if it wasn't for all that you tried to do
I wouldn't know just how capable I am to pull through
So I wanna say thank you

'Cause it makes me that much stronger
Makes me work a little bit harder
It makes me that much wiser
So thanks for making me a fighter

Made me learn a little bit faster
Made my skin a little bit thicker
Makes me that much smarter
So thanks for making me a fighter

Never saw it coming
All of your backstabbing
Just so you could cash in
On a good thing before I realized your game
I heard you're going round
Playing the victim now
But don't even begin
Feeling I'm the one to blame
'Cause you dug your own grave

After all of the fights and the lies
Yes you wanted to harm me but that won't work anymore
No more, oh no, it's over
'Cause if it wasn't for all of your torture
I wouldn't know how to be this way now
And never back down
So I wanna say thank you

'Cause it makes me that much stronger
Makes me work a little bit harder
Makes me that much wiser
So thanks for making me a fighter

Made me learn a little bit faster
Made my skin a little bit thicker
It makes me that much smarter
So thanks for making me a fighter

How could this man I thought I knew
Turn out to be unjust, so cruel
Could only see the good in you
Pretended not to see the truth
You tried to hide your lies, disguise yourself
Through living in denial
But in the end you'll see
You won't stop me

I am a fighter and I
I ain't goin' stop
There is no turning back
I've had enough

'Cause it makes me that much stronger
Makes me work a little bit harder
It makes me that much wiser
So thanks for making me a fighter

Made me learn a little bit faster
Made my skin a little bit thicker
Makes me that much smarter
So thanks for making me a fighter

Thought I would forget
But I remember
So I remember
I'll remember

Thought I would forget
But I remember
So I remember
I'll remember

'Cause it makes me that much stronger
Makes me work a little bit harder
It makes me that much wiser
So thanks for making me a fighter

Made me learn a little bit faster
Made my skin a little bit thicker
Makes me that much smarter
So thanks for making me a fighter"

(Christina Aguilera)

« Obrigada».

domingo, 22 de março de 2009

Cartas 7#

" Sopra um vento delicado que me chega através da janela. Olho para a rua, para as casas silenciosas e também eu acabo por me silenciar. Hoje não há um livro em cima da mesa, nem o som do teclado quando uma história começa, nem mesmo os passos de alguém impaciente. Só o silêncio. Tenho vontade de fazer barulho mas ninguém me vai ouvir. Por que não há vida naquilo que não tem cor, naquilo que magoa e faz desistir, naquilo que mata, aos poucos, silenciosamente.
Portanto não vou falar naquilo que pensei, ou disse, ou sequer calei.
Hoje quero ouvir o silêncio..."

quarta-feira, 18 de março de 2009

Cartas 6#

"Sinto que confia em mim. Mesmo quando não dou o meu melhor, ou pareço uma amostra de pessoa de segunda categoria. E por vezes confundo os meus pensamentos com a realidade. Pode não ser tão encantadora, a pessoa que eu imagino não corresponder à realidade. A ilusão paga-se caro e eu não quero culpar-me por uma conta que não sabia existir. Por isso só preciso de um pouco de luz para iluminar as decisões que tomo. Agora e sempre".

quarta-feira, 4 de março de 2009

Cartas 5# - Estátua Interior

«A minha estátua interior será talvez das mais belas mas também das mais complicadas de entender. O "eu" que transpareço, diverge da figura por detrás de pele e osso. Afinal o meu "eu" interior, aquele que é consciente através da cabeça e impulsivo quando se remete ao coração, procura simplicidade.
Simplicidade quando na infância ver os desenhos animados era uma aventura, quando ver o sol e passear no parque, ou o simples facto de estar rodeada daqueles que me davam protecção e amor era o sentimento mais puro do Mundo.
Mas o "eu" interior tem sempre as suas fragilidades. Por vezes a segurança, o apoio, a amizade e compreensão desapareciam e um abismo negro abatia-se debaixo dos pés.
O meu "eu" interior também procura solidão. Não de maneira definitiva, a família e os amigos são algo indispensável mas por vezes uma introspecção a mim própria, sem opiniões ou sugestões é o correcto a fazer.
Depois da infância chega a adolescência, a fase onde as dúvidas começam a surgir. Essa simplicidade, a pureza dos actos já aponta em outras direcções. A ambição de ser melhor, partindo do princípio que todos temos capacidades diferentes, surge. E o meu "eu" interior depara-se com um beco sem saída. A simplicidade é um caminho para a ambição? Posso ser simples mas querer passar por cima dos outros? Ou será que durante a infância não tive a noção que o mundo era feito de coisas más?
Neste momento posso dizer que o meu "eu" está completamente confuso. Talvez na infância fosse o coração a reger todos os meus sentimentos e emoções. Nunca me vi perfeita. Tinha plena consciência que o reflexo do espelho denotava os meus defeitos. Afinal o que é a aparência? Não será mais importante olhar o meu reflexo e sentir-me realizada comigo mesmo? Poder dizer aquilo que quero, o que ambicionei, sem ter sido influenciada por terceiros?
Outro aspecto importante do meu "eu" interior. Este sonha com realização individual. Fazer por mim própria. A simplicidade leva à ambição e logo depois à realização. Ou então a ambição leva à realização que consequentemente opta pela simplicidade, ao entendimento das minhas acções. Quanto ao futuro não sei mas espero manter os meus ideiais».

domingo, 1 de março de 2009

Cartas 4#

"Hoje sinto-me particularmente inspirada para falar sobre mim. A casa da minha avó é um sítio especial, um local onde todos se sentem bem e esquecem os problemas. Existem pessoas que nos fazem felizes, outras que nos provocam uma confusão tremenda e outras que só de as vermos o dia ganha outra cor. E depois existem aqueles lugares que nos fazem sonhar sem tirarmos os pés do chão. A minha avó e a sua casa são os ideiais para quem quer viver feliz. E não digo isso por pertencerem à minha família, digo isto porque a verdade não escolhe pessoas nem lugares.
Normalmente tento sempre não mostrar as minhas fraquezas, é difícil julgar-me a mim própria. Desde pequena que me colocam obrigações, obrigações às quais não tenho forças para combater. Como era boa aluna, tinha a obrigação de saber mais que os outros, como tinha bom comportamento, tinha a obrigação de não espernear ou gritar quando estava irritada. Como me viam de uma maneira, eu tinha a obrigação de a manter. E se eu quiser simplesmente não ser o que os outros querem que eu seja?
Nunca ninguém viu o quanto me debato interiormente para decidir o que é certo ou errado, nunca ninguém me viu chorar quando tinha o coração despedaçado por ter de mudar de escola e abandonar as pessoas que toda a vida me acompanharam.
Todos me obrigam mas não sabem a dor que provocam. Virar as costas é o melhor, é o que todos fazem. E se um dia não conseguir fazê-lo? Serei obrigada a tal?"

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Cartas 3#

" E se a partir de agora, tivesse apenas mais vinte e quatro horas de vida? Essa perspectiva assusta-me, devo assumir. Mas reflectindo sobre este assunto, coloquei-me numa posição complicada. Será que mudaria a minha atitude? Teria tempo para tomar consciência do que tinha feito de errado?
. A minha família. Meu Deus, como choraria que nem uma desesperada para me convencer que eles conseguiriam ser fortes sem mim... (Talvez chorasse por ficar sem eles, sim, essa seria a principal razão).
. Os meus amigos. Há muita gente que guardo dentro do meu coração mas apenas quatro pessoas me fariam ficar destroçada. Eles sabem quem são, não preciso de identificar nomes.
. A minha paixão. E ao contrário do que se possa pensar, não é ninguém humano. São os meus cadernos, o meu único e grande vício: a escrita. O pior castigo que me podiam aplicar era guardarem todas as folhas onde passei muito tempo, escrevendo sobre as personagens que são parte de mim.
. Ele. A minha vida tinha de ter romance não acham? Apesar de ser um amor não correspondido, e de ter sofrido alguns desgostos, a forma como o vejo é diferente. Por mais que não queira amá-lo, ou deixar o assunto no passado, não consigo simplesmente não imaginar o seu rosto e permitir-me um sorriso. O que posso fazer? É diferente.

E se tivessem apenas vinte e quatro horas de vida?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Cartas 2#

« Houve alguém que me disse que era muito boa com os sentimentos dos outros mas não conseguia expressar os meus. Talvez seja por isso que as personagens das histórias que crio sejam clichés. Eu não consigo entender aquilo que sinto, interiormente sou o que se chama baralhada. Quando devo ser sensível e compreensiva algo me diz para ser fria e não confiar. Há muito pouco tempo começei a utilizar a técnica olhar bem nos olhos. Por vezes eles dizem mais que qualquer palavra. Mas mesmo assim, o meu coração não se entende com a mente e continuo a pensar contrariamente.
Será por isso que não consigo aceitar bem o esquecimento? Porque a mente diz uma coisa e o coração outra? Isso leva-me a falar sobre outro assunto, que irei contar numa próxima carta.
Nesta carta faço apenas uma pequena reflexão ao tumulto que é ser "eu" . Se ao menos alguém me entendesse...»

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Cartas 1#

" É tão difícil acreditar que tanto caminho já foi percorrido. Eu sempre quis que gostassem de mim da maneira que eu gostava de todos. Tentei ser sempre sincera, escondendo a tristeza atrás de um sorriso, o mais verdadeiro que conseguia. Eu sou a menina bem comportada, a invisível no meio daqueles que observo em silêncio. E em silêncio via que existia algo em mim que me impedia de ser totalmente feliz. Porquê? Não era eu a menina bem comportada, o exemplo dos pais, o orgulho dos avós, a amiga presente que os fazia rir e amar-me nem que fosse por segundos?
Às vezes só preciso de uma palavra agradável, de uma realidade que não afaste os meus sonhos. Mas é tão difícil ser tanta coisa ao mesmo tempo... Sufoco nos meus próprios pensamentos, não quero ser mais uma. Quero ser a única.
É pedir muito? Por favor, acreditem em mim, só quero um cantinho. Um cantinho onde não seja invisível".